SUPRAPARTIDÁRIO

  E agora? Como é que fica isso tudo? Então o Demóstenes foi defenestrado por seu próprio partido (o DEM) porque foi pego no contrapé, quando tornaram-se públicas suas ligações perigosas com o “empresário” Cachoeira. Não aposto um centavo de real que vá conseguir segurar sua cadeira no Senado, de onde sua saída – espera-se - não tarda. Mas logo agora que está para ser julgado pelo STF o caso do José Dirceu e os quarenta ladrões?

  Lógico que uma boa parte dos atores políticos e da grande imprensa, ao relatar o mesmo episódio, tendam cada qual a seu modo a dar ênfase a uma das pontas de uma mesma corda. Os governistas – e aí muitos dos petistas originais, que povoam as redações, liderados pelo ex-presidente e highlander mor Lula, correm para levantar o dedo e dizer que se o maior corneteiro do caso mensalão está tão enleado com o contraventor, automaticamente fica claro que tudo não passou de uma farsa.

  Mas aí se verifica que boa parte, se não a totalidade do dinheiro envolvido veio de uma construtora, uma tal de Delta, que é conhecida como a campeã do PAC, o plano que elegeu a PresidentA Dilma, que se apresentou como a “mãe” do programa. E que um dos presos até agora foi um araponga que inclusive teria se reunido com a cúpula da campanha da Dilma para fazer um dossiê contra José Serra na campanha de 2010. E os oposicionistas esperam fazer do limão uma limonada.

  E os tentáculos do bicheiro alcançavam não só os próceres da política, mas gente de toda espécie, de todas as esferas, do executivo, do legislativo e até do judiciário. Até do Ministério Público tem gente envolvida.

  A grande teia da corrupção é pluripartidária já que envolve desde governadores do PSDB ao PCdoB a políticos de praticamente todas as legendas. Não tem cor. Não tem ideologia.

  Diante dessa barafunda, não conseguimos saber quais são suas fronteiras. Só sabemos que o combustível disso tudo é o dinheiro público. E que não existe político inocente. É isso aí.