Pois é. Depois de mobilizar toda a “mídia” local (assim mesmo, agrilhoada com aspas) alegando que iria a Câmara de Vereadores prestar esclarecimentos, o Prefeito Municipal compareceu à sessão de ontem (14/03). E fez o que se esperava dele. Nada. Chegou acompanhado de uma claque composta majoritariamente de funcionários públicos municipais aquinhoados com um belo upgrade salarial recentemente (leia: CAVALO DE TRÓIA), salpicados com familiares do próprio somados aos constrangidos que foram “convidados” a comparecer. O próprio alcaide confirmou algumas vezes ter “convocado” os assessores. O Prefeito mesmo, quase nada falou. Largou de cara o bordão da “imensa alegria e satisfação”, falou que em uma administração acontece muita coisa e pode até acontecer alguma irregularidade para depois recolher-se por de trás do que chamou de “equipe técnica”, que apesar de contar com pelo menos dois engenheiros, transferiu a responsabilidade para a assessora que adivinhem: tem o sobrenome SPERA. E repito, de tudo o que foi aventado até agora, nenhuma resposta foi efetivamente convincente, ao menos para aqueles que possuem discernimento e massa crítica.
A tal assessora iniciou de forma irônica elencando tópico por tópico dos fatos trazidos a público pelo Vice-Prefeito. Falou da Pista de Skate, do Estádio Marcelino, no Monitoramento por câmeras, da informatização através da rede sem fio, da sinalização com o nome Das ruas.Das obras do PAC. NÃO FALOU do projeto periscópio, de prevenção a álcool e drogas.
E aí eu pergunto: o que tem isso de “técnico”? Quer dizer que o Prefeito não condições de falar sobre esses temas? Então ele pode falar sobre o que?
E por mais que tenham tentado mascarar as informações a realidade é nua e crua: NÃO FOI FEITA A TAL DA PISTA, NÃO FOI CONCLUÍDO O ESTÁDIO MARCELINO, que está paralisado a quase três (!) anos. NENHUMA iniciativa foi tomada para implantar ao menos um embrião de um projeto de monitoramento para a segurança pública! A informação de que foi concluída a rede de informática sem fio agora e aí eu repito: agora? Para tudo é preciso esperar anos? Sem falar da despistada quanto ao descaso a que foi relegada a Vila Palhares, que foi obrigada a conviver com uma obra injustificadamente paralisada e que não contou com uma resposta convincente. Alegar que “essas coisas são complicadas, que dependem de outros órgãos” é tapar o sol com a peneira. Falar que não venceu o prazo de apresentação das obras da região central (R. Luiz Pizza) por que o projeto precisa ser analisado por outras instancias é no mínimo contraditório. Como é que a metade desse projeto já foi feita (R. Don José L. Neves)? Então reconheçamos que falta planejamento. Ou não? Falar que o emplacamento das ruas não pode ser feita por causa da legislação é brincar com a inteligência das pessoas. Então porque é que foi aberta uma licitação em 2007 exatamente para esse fim? E que não foi levada a cabo por que a empresa que venceu não conseguiu apresentar a documentação e o assunto acabou esquecido em alguma gaveta.
E a caixa d’água? Depois de muita retórica, informaram que não teria havido nenhum superfaturamento. O que houve foi um equívoco e que esse tal engano foi devidamente reparado. Aliás, ao que eu saiba, ninguém afirmou ter havido um superfaturamento. O que havia era uma falta de explicações plausíveis para um fato, no mínimo estranho.
Mas, vamos à caixa d’água, ironicamente chamada de “reservatório”, como se isso mudasse alguma coisa. Segundo os documentos aos quais o blog teve acesso hoje (15/03), teria sido feito mais um aditamento, datado de 01/02 onde o valor teria sido “corrigido”.
Observe que no citado “aditamento” foi inserido um item de supressão de valor, da ordem de R$ 25.307,68. Veja a imagem:
Além da brutal coincidência de haver uma ‘supressão’ no valor praticamente idêntico ao valor atual orçado para o equipamento (veja em: ENTENDA O CASO DA CAIXA D´ÁGUA), não foi justificado, nem o porque desse abatimento, muito menos o porque o “reservatório” ainda assim, custou aos cofres públicos a importância de R$ 42.724,94, ou seja, apesar de todas as justificativas “técnicas” ainda custou mais do que 70% do valor atual orçado. E qual foi a justificativa para isso? Nenhuma. Há não, teve uma: a de que o ser humano é falível.
Isso sem falar nos pontos interessantes dos documentos: apesar datado de 01 de fevereiro, o empenho para pagar o tal aditamento foi expedido sabe quando? Há, há: em 14/03/2011! Exatamente... ontem!! Olha que coincidência não? E porque os “técnicos” descobriram o “equívoco” somente agora, já que o aditamento que originou todo esse imbróglio deu-se em março de 2010?
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Empenho datado de 14/03/2011 - mesma data da sessão da Câmara |
Para falar sobre a questão do decréscimo das receitas tributárias inscritíveis na dívida ativa (tributária, agropecuária, industrial e de serviços) foi escalado, mais uma vez, o Secretário Flávio, que demonstrou apenas uma coisa: jamais poderia ser professor. Após uma patética apresentação em “power point” (que modernidade heim?) com números impossíveis de se distinguir, derivou para todos os assuntos menos ao que efetivamente interessava: porque o Tribunal de Contas apontou o decréscimo nas receitas tributárias? Pelo que vimos, em terra de cego, quem tem uma bengala está reinando...
E o sobre a denúncia do pedido de propina para liberação de pagamento de precatório? Bastaram-se a informar que o precatório foi pago no valor correto, e que “se houve alguma coisa, foi fora da Prefeitura”. Ora então tinha que ser dentro da Prefeitura? Se for fora tudo bem?
E coube ao Vereador Kiko Binato, o único lúcido e imparcial, o questionamento que como tal pode ser chamado, sobre se o Prefeito teve conhecimento das denúncias, quando foi e que providencias teria tomado, a qual o mesmo após engasgar e gaguejar, respondeu que o fato teria ocorrido em 2005 e que não era juiz para julgar ninguém. Certo. Então não existe mais a obrigação de apurar eventuais atos de improbidade? Basta perguntar para o envolvido e está tudo certo. Que bom!
Pelo que vimos, a preocupação não era responder mas convencer. O que é uma tarefa facílima diante da quase maioria da Câmara atual, de onde somos brindados com a frase que dá título a essa coluna e que foi proferida por uma das Excelências, um que tem predileção por criar passarinhos, na noite de ontem. Aí fica fácil né? É isso aí...