Tem coisas que, quando ouvimos, custamos a
acreditar que estejam realmente ocorrendo. Principalmente quando parecem
deslocadas no tempo, ecos de um passado indesejável. Por isso, é difícil crer
que em pleno 2011, muito depois dos cinzentos anos 60.
Quem é de Assis, especialmente quem é
assinante da TV a Cabo, certamente já assistiu ao programa que vinha sendo
produzido e apresentado há anos pelo Professor Rubens Cruz, onde o mesmo trazia
ao telespectador duas de suas paixões: viagens e documentários. O apresentador,
com toda sua bagagem adquirida nos anos de cátedra universitária, trazia em
seus programas, um resumo da cultura de cada parte do planeta por ele visitado,
com ênfase nos clássicos, principalmente nos museus e galerias do mundo. Vinha
sendo apresentado, anos a fio, pela TV Fema (atualmente no Canal 12 a cabo),
certamente o canal mais adequado para a característica do programa, já que se
constitui na nossa TV Universitária, coisa que muita cidade bem maior não
dispõe. E o principal, todo o custo tanto das viagens em si, como da montagem,
equipamentos e inclusive o pessoal de apoio sempre foram suportados pelo
próprio autor, sem qualquer tipo de subvenção.
Pois é. Esse programa foi pura e simplesmente
tirado do ar pela atual direção da Fundação Educacional do Município de Assis.
O motivo? Nenhum senão a de que o produtor/apresentador não se enquadra na
cartilha dos “companheiros” que hoje se aboletaram no comando daquela instituição.
É certo que o Professor Rubens tem uma militância histórica na política regional.
Também é certo que nessa trajetória pode ter amealhado alguns, digamos,
desafetos. Mas sua posição política jamais serviu de pano de fundo para seus
programas que, repito, eram focados na cultura, na história em geral e nas
artes em particular.
Por
mais que se possa discordar das posições políticas de alguém, não podemos mais
aceitar, em pleno século 21, que essa pessoa sofra qualquer tipo de retaliação
por isso. Especialmente quando praticada no âmbito acadêmico.
É lamentável. Desnecessário dizer que os
princípios que nortearam a criação da FEMA já se perderam no tempo. Aliás, de
pública mesmo só tem o patrimônio que foi integralmente originário dos cofres
públicos municipais já que seus cursos são todos pagos, exatamente como toda e
qualquer faculdade particular. O mínimo que se esperaria é que a instituição
devolvesse à população algo de cultura, justificando o fato de ser “pública”, ao
menos no nome.
Repete-se aqui o que vem acontecendo no país
de um modo geral. O aparelhamento dos órgãos geridos pelo partido do governo, o
PT onde o critério único é o grau de fidelidade aos “cumpanhero” e a missão é
sufocar, sistematicamente, todo tipo de adversário, ainda que apenas potencial.
Assim como foi em Cuba. Assim como é na Venezuela. E o resultado disso? Bom, o
resultado todo mundo já conhece. É isso aí.