terça-feira, 30 de junho de 2009

JOSÉ SARNEY TEM SALVAÇÃO

Vejam que interessante análise da situação política do Senado, produzido pela Arko Advice, agência que atua na área de análise política e cenários prospectivos. Em seu boletim "Política Brasileira" de hoje, chega a conclusão de que, se inexistirem novos fatores, Sarney, ainda que enfraquecido, se salva. Vamos ao texto:

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POLÍTICA BRASILEIRA
Agenda e análise política para a semana
Produzido por Murillo de Aragão, Cristiano Noronha, José Negreiros e Rômulo Osório

José Sarney ainda tem salvação

Na atual conjuntura e com base nos fatos conhecidos, Sarney se salva enfraquecido. Apenas fatos novos e/ou a combinação de fatos novos com uma estratégia errada de defesa fará com que Sarney se inviabilize.


ACM, Jáder Barbalho e Renan Calheiros tiveram que renunciar à presidência do Senado. A grande imprensa brasileira espera - e deseja - que José Sarney faça o mesmo. Provavelmente, isso não vai acontecer se considerarmos os fatos até hoje trazidos a público. Tal afirmação não vale frente a novos fatos. Sarney fica no comando do Senado por conta de uma conjunção de fatores.


Lula e o governo precisam de Sarney. Mesmo não sendo um aliado fiel e que, muitas vezes, claudicou no apoio ao governo, o raciocínio é que sempre foi ruim com ele e será muito pior sem ele. Sarney ainda controla os ímpetos de Renan, que parece viver em guerra contra Aloízio Mercadante e Tião Viana. Lula e Sarney têm um nível de diálogo que não se encontra igual entre o presidente e qualquer outra liderança do partido.


No PMDB, Sarney é considerado uma liderança inconteste. Uma espécie de poder moderador entre as várias facções. Sua queda causaria um problema sério no diálogo interno no partido, que carece de grandes nomes. Fora Renan, Michel Temer, Henrique Eduardo Alves e alguns outros poucos, o partido está enfraquecido.


O terceiro fator está na relação de Sarney com a oposição. Em especial, o DEM. Ainda que o discurso possa tornar-se mais agressivo, o partido não vai atuar decisivamente para derrubá-lo. O DEM sabe que com Sarney existe algum espaço de atuação para o partido no Senado. O mesmo não se daria, por exemplo, com Renan.


Até agora, as revelações não passam de desvios pequenos sob a ótica do político. Basta ver o que Roberto Requião disse em apoio a Sarney: não privatizou nem se apropriou de recursos públicos. É, evidentemente, uma visão torta da política. As atitudes passadas de Sarney com relação a nomeação de parentes, por exemplo, são inaceitáveis e moralmente reprováveis. No entanto, falta ao mundo político valores que constranjam os políticos a ter uma atitude ética em relação aos recursos públicos.


Vale comparar - ainda que mal comparando - a situação de Sarney com a de Collor. Os eventuais crimes de Collor não o derrubaram, e, sim, a falta de apoio político. Caso tivesse o placar a seu lado (maioria governista no Congresso), teria sobrevivido. Jovem, impulsivo e politicamente incompetente, Collor achou que poderia governar sem o Congresso. Já Sarney tem apoio dos senadores. Consta que 51 já teriam assinado manifesto a seu favor. Portanto, mesmo enfraquecido, Sarney (ainda) está protegido.


Porém (e em política sempre existem muitos "poréns"), as verdades na política são eternas até que sejam desmoralizadas. Não é impossível que Sarney tenha que renunciar à presidência do Senado para salvar o seu mandato. No radar político de hoje, tal hipótese configura-se como possível, mas improvável. Por analogia, o risco existe, já que figuras poderosas e articuladas como ACM, Barbalho e Renan caíram em situação semelhante. Além do mais, os absurdos cometidos pelas gestões anteriores e que tiveram as digitais de Sarney (e de seus antecessores), seriam suficientes para sua cassação. Para evitar riscos, Sarney deve agir com a máxima prudência e evitar, de toda a forma, que novas revelações elevem a temperatura do ambiente.


Joaquim Roriz, que também teve que renunciar para não ser cassado no Senado, dizia que "se acompanha o amigo até a beira do precipício, mas pular junto, jamais". Caso fatos novos venham a colocar Sarney em uma situação de xeque, todos os amigos vão abandoná-lo. Até mesmo pelo fato de que em política não existem amigos. Existem interesses. Em torno deles é que os relacionamentos na política se dão. Enquanto for conveniente se relacionar com Sarney politicamente, tudo bem. Caso contrário, já era.


Na atual conjuntura e com base nos fatos conhecidos, Sarney se salva enfraquecido. Apenas fatos novos e/ou a combinação de fatos novos com uma estratégia errada de defesa fará com que Sarney se inviabilize. Renan poderia ter continuado presidente se a sua estratégia de defesa fosse mais eficiente e menos arrogante. Ao errar muito e seguidamente, Renan terminou se enrolando. Dificilmente, Sarney cometerá os mesmos erros. Agirá de forma humilde. Abastecerá o noticiário de iniciativas que pouco vão resolver o problema, mas alimentam a fome da imprensa. Vai se articular com o governo e, eventualmente, usar da comatosa CPI da Petrobrás como instrumento de pressão para manter tanto o PMDB quanto o PT enquadrados na sua defesa.

Ficando ou saindo, Sarney fica (mais ou menos) na mesma.

Cenário 1 - Sarney fica. Enfraquecido

Não acontece nada de mais no Senado. O ritmo Legislativo continuará errático e a produtividade do Senado tende a continuar menor do que a da Câmara. Sarney pode se dispor a disputar mais um mandato, já que a crise tem pouca repercussão junto eleitorado do Amapá. Mantendo o cargo, Sarney atuará para assegurar a eleição de Roseana ao governo do Maranhão. Não disputando o Senado no Amapá, Sarney deve tentar fazer uma dos seus filhos senador no estado.

Cenário 2 - Sarney renuncia

Nada acontece de mais no Senado. O ritmo legislativo continuará errático e a produtividade do Senado tende a continuar menor do que a da Câmara. Sarney pode se dispor a disputar mais um mandato já que a crise tem pouca repercussão junto ao eleitorado do Amapá. Renunciando, Sarney vai jogar tudo na reeleição de Roseana ao governo do Maranhão e, eventualmente, a eleição de algum filho ao Senado pelo Amapá.

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Como você pode ver, essa é uma análise muito bem fundamentada e, apesar de ser apenas uma "previsão" tem uma probabilidade altíssima de se confirmar. Só nos resta esperar. É isso aí...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Manchetes de Hoje

- Globo: Primeira morte por gripe suína não faz Brasil mudar estratégia

- Folha: Golpe depõe presidente de Honduras

- Estadão: Golpe de Estado depõe presidente de Honduras

- JB: Brasil tem primeira morte por gripe suína

- Correio: Gripe suína mata no Sul e avança no DF

- Valor: Obras de revitalização do rio São Francisco atrasam

- Estado de Minas: Brasileiro prefere correr riscos

- Jornal do Commercio: Campeão na raça

domingo, 28 de junho de 2009

José, Michael, Demostenes...

Não tem jeito. Por mais que tenha tentado, não consegui passar a semana sem comentar. Veja as manchetes da semana dos principais jornais do país: Folha, Estadão, Globo e JB.


Manchetes da Semana
segunda
Globo: Senado pagou até reforma da cozinha com atos secretos
terça
Globo: Senadores denunciam chantagem de ex-diretor
Folha: Ato secreto elevou verba de senadores
Estadão: Atos secretos envolvem 35 senadores
JB: Fogo no Senado
quarta
Globo: Senado demite diretores e anula só um ato secreto
Folha: Crise do Senado derruba 2 diretores
Estadão: Sarney troca diretores, mas pressão continua
JB: 663 atos secretos. E só um é anulado
quinta
Globo: Senado tenta descobrir quem movimentou contas secretas
Estadão: Neto de Sarney agencia crédito para funcionários do Senado
sexta
Globo: Denúncia sobre neto aumenta pressão pela saída de Sarney
sábado
Globo: Diretores que Senado disse ter demitido estão no cargo
domingo
Globo: Afastado, pivô de escândalo mantém o poder no Senado

A capacidade do senado brasileiro em produzir novidades nesse infindável escândalo parece infinita. Para sorte de Sarney e cia., Michael Jackson morreu e assim conseguiram ficar num segundo plano. Não é pra menos. Vamos a uma pequena comparação do tamanho do descalabro. Segundo as informações que transbordaram da cúpula emborcada, ali 'trabalham' 9.000 funcionários públicos. Isso mesmo: NOVE MIL! Isso para atender a 81 senadores. Pois é! Assis que é uma cidade de 100.000 habitantes possui aproximadamente 2.500 servidores. Aí estão incluídos todos da área da saúde, professores, braçais, administrativos, etc... E tem gente que ainda acha que é muito... Mas isso não é problema. Segundo o Presidente Lula, "Nós temos coisa mais importante pra resolver". Até a oposição tem se articulado para "não prejudicar a imagem da casa". Mas isso não começou hoje, ontem ou em janeiro desse ano. Começou junto com o senado. É uma doença crônica. Mais uns dias e ninguem mais fala em Michael Jackson. Mas do José, do Demostenes, dos "Agaciels"... ahhhhh... você vai continuar ouvindo. Duvidas?

COMPANHEIROS!
Via O Povo Online.

sábado, 27 de junho de 2009

Essa semana tô ouvindo...


CSS Cansei de Ser Sexy | Donkey | 2008



Como se vê pelo nome, é sim uma banda brasileira, mas que canta em inglês. Não por acaso tem feito um bom sucesso fora do país. Formada por 4 garotas e um cara, faz um som bem legal e descomprometido. Bom de ouvir.

Essa semana tô ouvindo...

Titãs - Sacos Plásticos | 2009



O mais recente CD dos Titãs. Depois de um bom tempo, um cd só com músicas inéditas. Apesar da já conhecida qualidade dos Titãs, achei que faltou alguma coisa. Acho que faltou aquela surpresa... Mas sempre vale a pena.

domingo, 14 de junho de 2009

RESPEITO


Segurança. Essa se transformou na palavra de ordem do dia a dia de qualquer cidade brasileira. Restrita às capitais e grandes cidades do Brasil, esse fenômeno há muito desembarcou nas antes pacatas e tranqüilas cidades do interior. Durante toda a minha infância e adolescência minha casa nunca teve cadeados nos portões. Hoje exceção é aquela que não seja dotada de alarmes, cercas eletrificadas... O que mudou? O crime? As pessoas? Vários são os componentes que foram se agregando para culminar com o status atual. Mas um dos ingredientes que foram mais reduzidos nessa receita é o respeito. Leio hoje nas paginas amarelas da Veja, a entrevista com Rudolph Giuliani, Prefeito de Nova York por dois mandatos, de 1994 a 2002, que reduziu pela metade as taxas de criminalidade e transformou a cidade em uma das mais seguras dos Estados Unidos. Veja só o que ele diz: “...quem não presta atenção nos detalhes não atinge sua meta. Em Nova York, ninguém queria prender o ladrão de rua, só o assaltante que levou 1 milhão de dólares de um banco ou o chefe do tráfico. O problema é que tanto o ladrãozinho quanto o adolescente que picha muros estão diretamente relacionados ao chefão do tráfico. Um leva ao outro. Um só existe por causa do outro. Antes de mais nada, cidades degradadas pela violência precisam resgatar a moral, o respeito. O que é seu é seu, e eu não posso pichar. Ponto. Também não posso roubar, nem quebrar, nem vender drogas, nem morar na rua. Sem valores morais, toda a sociedade acaba no círculo do crime, de uma forma ou de outra. Se o respeito volta, o crime adoece. Assim é mais fácil combatê-lo. Foi dessa maneira que Nova York deixou de ser a cidade mais violenta dos Estados Unidos para, em alguns anos, tornar-se mais segura.” Pois é Giuliani, por mais que se analise a questão da segurança, mais certeza temos que o que falta mesmo é o respeito. Respeito pela legislação, que existe, basta que seja cumprida, inclusive pelas autoridades. Respeito pela pessoa, a começar pelas crianças que têm direito a receber uma educação minimamente de qualidade. Respeito pelo dinheiro público, que deve ser gasto de forma responsável e eficaz, buscando o coletivo em detrimento do individual. Respeito pelas instituições, que devem se destinar a cumprir suas funções e não apenas para atender interesses imediatos e pessoais. Respeito pelo meio ambiente, que não deve ser encarado apenas como a fauna e a flora nativas de uma região, mas o ambiente de forma geral, ou seja, considerando-se primordialmente a pessoa que o habita. Enfim... o momento é de buscarmos a recuperação do respeito. A partir daí chegamos no ponto zero para os enfrentamentos específicos. É isso aí.

MISCASTING


Aprendi uma nova expressão. Fui ler a coluna do Luiz Fernando Vianna na Folha de quinta feira, por recomendação de uma super amiga e colaboradora de todas as horas e ela estava lá. Sólida como um banco de areia. “Miscasting”. Trata-se da expressão em inglês para quando se escolhe um ator errado para desempenhar determinado papel. Interessante. Na coluna o Luiz Fernando fala sobre “O Homem Errado” (tem a coluna na íntegra no link aí do lado), ou seja, o equivoco da indicação do Ministro Nelson Jobim, para a pasta da Defesa. Essa é uma situação interessante. Não encontro no português uma palavra, assim, única, completa, inteira, que possa retratar tal situação. No entanto, para onde quer que desviemos nosso olhar temos um (ou será uma?) “miscasting”. É tanta gente em lugar errado que chega a chocar o fato de não termos cunhado uma palavra para isso. Vivemos no país do ‘concurso público’ que segundo as regras deve se pautar por critérios objetivos de escolha. Falta definir a questão da vocação para o exercício de determinada função. No caso de indicações sem concurso então nem se fale. Os critérios são inexistentes. Você admite um médico que não possa ver sangue? Um engenheiro que não goste de obras? Ou um advogado que tenha horror a processos? É. Então. No mundo globalizado, em crise, competitivo, on line em que vivemos, a cada dia mais, é necessária a soma de atribuições para a formação de um perfil minimamente adequado para o exercício de alguma função. Se você como eu não sabia, agora já sabe. Quando trombar com alguém metendo os pés pelas mãos, pronto... mais um “miscasting”.

A IMAGEM FALA

domingo, 7 de junho de 2009

Influentes do Mundo


Quadro pintado em óleo em 2006 por Dai Dudu, Li Tiezi, e Zhang An mostrava as personalidades mais influentes da história.

Daí um internauta digitalizou a obra e disponibilizou a imagem com o link para a wikipedia de cada personagem. Basta clicar na pessoa e saber toda a sua história. Show! Clique na imagem acima e confira!

Essa eu vi no CHONGAS (http://www.chongas.com.br)

O Futebol e o Basquete - tão perto, tão longe


O prefixo musical que toca na televisão não deixa dúvidas. Vai começar mais uma partida de futebol. Daqui a pouco o Galvão vai estar, mais uma vez, se esgoelando enquanto desfia seu interminável estoque de ufanismo. Trata-se de Brasil e Uruguai, pelas eliminatórias da Copa de 2010. Esse jogo, independentemente de qualquer campeonato que possa estar em disputa, invariavelmente traz a eterna rivalidade existente entre os dois vizinhos. Talvez só perca para rivalidade existente com a Argentina. Que o diga o Maracanã de 1950. Mas apesar de todos esses ingredientes, não me sinto atraído a assistir. Considero-me um grande apreciador de esportes. De todos os esportes. Desde que me conheço por gente sou torcedor de futebol. Mas não tenho tido mais paciência com o “esporte bretão”. O noticiário da semana informa a morte de mais um “torcedor”. Torcedor???? Mas o que o esporte tem a ver com emboscadas e guerras de gangs? Não sei, mas desconfio.
Vamos começar pelos próprios jogadores. Hoje em dia, para se transformar em um craque mundial (leia-se Europa), o jogador deve despontar no máximo aos 12 anos de idade. 14 anos com muita sorte. Para que isso aconteça, a dedicação exclusiva começa praticamente junto com os primeiros passos da criança. O resultado disso obviamente são heróis analfabetos, com as raríssimas exceções para confirmar a regra. E analfabetos com muito dinheiro. Muito mesmo. Tudo isso é gerenciado por pessoas que jamais chegaram perto de uma bola. E isso porque a Copa de 2014 vai ser aqui. É... alguns cumulus nimbus nos esperam...

De uns tempos pra cá me tornei um torcedor do basquete. Tenho tido inclusive a oportunidade de acompanhar esse esporte, digamos, pelo lado de dentro. A diferença de ambiente é brutal. Vamos aos fatos: 1) não tem alambrado, e ninguém pula para a quadra; 2) não se pode atirar objetos na quadra (é claro) e ninguém atira; 3) mulheres e crianças são bem vindas e se não são a maioria estão muito perto; e por aí vai... Apesar de resultados expressivos no passado, o esporte acabou relegado à um terceiro (ou quarto) plano. A inabilidade de alguns que participam da política interna desse esporte atrapalhou bastante.
Mas, envolve paixão, a disputa na quadra é tão ou mais viril quanto o futebol e, mesmo assim, não se tem notícias de confrontos sérios como os que envolvem as “organizadas” ou melhor, esses terroristas desajustados. Num primeiro momento, a resposta mais utilizada é de que o torcedor é mais “elitizado”. Pergunto: como pode ser elitizado, se o preço dos ingressos, que no futebol se iniciam em R$ 20 no basquete giram em torno de R$ 2, R$3 no máximo R$ 5?
Do mesmo jeito, tenho algumas pretensiosas respostas. Inicialmente quanto à formação dos atletas: para que um atleta atinja o olimpo do esporte (a NBA liga profissional norte americana) terá que passar por uma Universidade de lá. Qualquer um que começa tem isso em mente. E evidentemente, pode até não ser um eisnteim, mas tem uma cultura muito melhor do que a dos “boleiros”. Os patamares salariais, apesar de altos para a realidade brasileira, são infinitamente menores do que os do futebol. Disso decorre uma conseqüência lógica: menos dinheiro envolvido, muito menos pilantras ao redor. O que faz dos dirigentes serem, invariavelmente, idealistas, apaixonados e voluntários. Os fatos, argumentos e premissas estão postos. Quem vai começar a discussão?