domingo, 31 de julho de 2011

DOENTE DO PÉ

  Até ontem, devo confessar, em algumas horas cheguei a me considerar “menos brasileiro”. É que desde que foi anunciada essa estória de Copa 2014 e Olímpiadas 2016, eu nunca me convenci que isso pudesse trazer realmente o grande benefício que aqueles que estão por trás desses eventos têm alardeado.
  Confesso também que hoje, ao ler na veja.com que uma pesquisa recentemente realizada apontou que para 72% dos ouvidos, a palavra que deverá representar a Copa no Brasil é “corrupção”, fiquei mais aliviado. Não que eu tenha gostado da associação que as pessoas têm feito, não. Mas é que de repente parece que saiu aquele fardo de ser um pária, aquela sensação de ianque no país do futebol. Mas que a primeira sensação que se tem é que ainda tem muito a vir, é inegável. Basta ver o descalabro do custo de cada um dos elefantes brancos que estão construindo, em alguns casos para jogos que não deverão atrair mais que alguns gatos pingados. Tipo Irã x Tunísia em Cuiabá! Qual a relevância de um evento desse tipo? Seria suficiente para justificar um investimento estimado inicialmente em R$ 355 milhões?
  E o pior é que tivemos os Jogos Panamericanos no Rio recentemente, que seria uma espécie de vestibular para as olimpíadas e onde já foram gastos rios de dinheiro. E qual foi o resultado disso? Além da festa efêmera e da overdose de Brasil sil sil, não há prova alguma do ‘desenvolvimento’ que as tais obras poderiam trazer.
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 E no Rio, que tem criança nascendo no trem e sendo levada para o hospital pelo próprio pai, de ônibus por falta de uma rede de atendimento à saúde descente? Como defender essa derrama de recursos que saem de seu bolso, cidadão pagador de impostos?”
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  Alegar que a Arena de Itaquera vai mudar aquela região é uma mentira deslavada. Até porque, se a região está carente de dispositivos urbanos, então porque não fazem o mínimo necessário para depois justificar o investimento de quase R$ 1 bi de dinheiro público que pretendem enterrar naquele local? E depois? Quem é que vai assistir um jogo lá, começando as 22 horas de uma quarta feira, que seria o uso normal de um espaço como esse? Se sair do Pacaembu já é difícil...
   E no Rio, que tem criança nascendo no trem e sendo levada para o hospital pelo próprio pai, de ônibus por falta de uma rede de atendimento à saúde descente? Como defender essa derrama de recursos que saem de seu bolso, cidadão pagador de impostos? Isso sem falar nas manobras que já se ensaiam, nas “maracutaias” que se avizinham. Se a atual Lei de Licitações já é ruim, o que podemos dizer dessa nova que estão querendo nos empulhar?
  Ok, você ainda não está convencido? Pare, pense e então me diga: você acredita que o sorteio dos grupos para as eliminatórias, realizado ontem (30/07) vale R$ 30 milhões? Se sua resposta for sim, me desculpe. Vá lá comprar a sua vuvuzela. À prestação.

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