domingo, 6 de novembro de 2011

LINDBERGS


   Falar que a juventude atual é completamente diferente das gerações que a antecederam é uma bobagem. A função de cada nova geração não é outra senão a de corrigir os erros e oxigenar os acertos passados. Também não quero cair no discurso surrado de “geração perdida” e “bando de alienados” porque definitivamente não acredito nisso. Larry Page, Sergey Brin (Google) e Mark Zuckerberg (Facebook) me desmentiriam no ato.
  Mas é difícil acessar ao noticiário e constatar que os estudantes da Faculdade de História e Filosofia da USP ainda ocupam o prédio da Reitoria, no que está sendo chamado pela mídia de “revolta da maconha”. A verve revolucionária da garotada é perfeitamente compreensível. O que não dá para compreender é a sua motivação atual.
  No ambiente universitário foram gestadas todas as grandes revoluções e essa mesma Universidade de São Paulo, acompanhada das outras inúmeras instituições, foi o grande foco de resistência nos anos de chumbo da ditadura militar.
  E agora, o que fizeram os estudantes, frente aos sucessivos escândalos de corrupção governamental? Onde estão aqueles ideais que bradavam por liberdade e justiça e que se calam frente lambanças contumazes do Ministério da Educação e seu famigerado e desorganizado ENEM? Nada. Silêncio absoluto.
  Estão defendendo três apreciadores da erva, provavelmente adquirida numa “biqueira” de membros da mesma gang daqueles que assassinaram para roubar, um de seus colegas do curso de Economia.
  Não dá para generalizar até porque está bem claro que essa posição não reflete o pensamento da maioria dos estudantes, já que dentro da própria USP é certo que a maioria não concorda com a invasão e ainda mais com sua motivação. O cara da foto acima comprova isso, mas a contraposição ainda é muito tímida.
  Mas, os sinais estão por aí e a gente é que não percebe. O último presidente da então questionadora União Nacional dos Estudantes, Lindberg Farias, é hoje um dos obesos senadores da república, pelo PT, é claro. Revolução para que, não é? É isso aí.

11 comentários:

ptrzanoto disse...

saulinho, só tem uma coisa que eu achei que tem que ser discutida melhor no texto:
a ocupação não é em 'defesa dos três curtidores de erva' e sim contra a presença da pm no campus.

o maior argumento a favor da presença da própria é a óbvia diminuição da violência, afim de evitar os trágicos casos como o ocorrido na FEA-SP citado no texto, enquanto o maior argumento contra é que possivelmente essa força policial seria utilizada para reprimir movimentações estudantis "corretas" como por exemplo a realizada na FFCLRP - USP ribeirão no começo do ano.

eu mesmo não tenho posicionamento fechado nesse debate, mas acho muito perigoso recorrer a exageros e estereótipos ou acabar caindo neles por engano numa discussão dessas.


sunab filho.

Anônimo disse...

Discordo do Sunab Filho! Movimento estudantil deve ter causa justa. Até a Marcha pela Liberação da Maconha é justa. O que não é justo é se rebelar quando se está contra a Lei. Como dizia Bezerra da Silva: Malandro é Malandro, Mané é Mané! Até pra "queimar um" você tem que ser esperto. Universitário é DISCRETO meu caro. O que não pode é ser pavão!

PORCA MISÉRIA disse...

Enquanto "pseudos universitarios" brigam para ter ou não ter polícia fiscalizando o campus da USP(a maior universidade do Brasil)justamente para dar mais segurança aos bebezões maconheiros, os mensaleiros; gaveteiros; cuequeiros e outros larapios menos famosos continuam a deitar; rolar e principalmente se esbaldar do nosso dinheiro (pagos em Impostos em cascatas) quer seja em Brasilia no Estado ou em nossa humilde cidade fraternal. vivemos a (09)nove anos numa ditadura branca, ou seja aos amigos do PT as glorias ao povo? Ah! Ao povo de pão e circo e ele estará satisfeito.

Ale Costa disse...

Muito bom esse artigo. Direto ao ponto.
Abraços,
Ale.

Saulo Ferreira disse...

Pedrão Sunab,
Em primeiro lugar, obrigado por sua contribuição. É de suma importância termos a opinião de um estudante, principalmente por ser da USP, entidade envolvida no caso. Só acho que se os estudantes têm medo da repressão "injusta" com a qual eu absolutamente também não concordo, deverião, para não se desqualificar, fazer esse movimento quando isso efetivamente ocorresse. Com a postura atual, estão pondo a perder uma posível posição que se tornará indefensável futuramente. Se têm alguma coisa a reclamar quanto à reitoria, que o façam de maneira pacifica e havendo repressão, não tenho dúvidas de que toda a sociedade os defenderia.
De qualquer maneira, conta com sua participação sempre que puder. Abraço.

Saulo Ferreira disse...

Anônimo,
Opiniões e opiniões. Um pouco "Gerson" demais, mas... tudo pela liberdade de expressão. Na paz. Valeu pela participação.

Saulo Ferreira disse...

Porca Miséria,
Em suma, é isso. Obrigado pela participação mais uma vez.

Saulo Ferreira disse...

Valeu Ale,
participe quando puder. Abraço.

Anônimo disse...

Concordo muito com o Sunab Filho. É dificil arrancar dos estereótipos que a grande midia planta na sociedade ( e daí todo mundo fica repetindo a mesma versão) e deixar que os fatos e as outras versões apareçam.

Roberto de Almeida Floeter disse...

Na ausência de uma política de combate a crescente criminalidade que assola SP o governo local resolveu como o do Rio, no caso da invasão das favelas, mostrar todo o seu aparato militar em cima de estudantes, em uma operação que envolveu 400 policiais fortemente armados, para desalojar pouco mais de 70 deles que protestavam contra o processo de militarização do Campus, historicamente considerado como sendo um território livre da intervenção das forças policiais. Vide a invasão da UNB em 68, onde o deputado Santili protagonizou um ato político de proteção ao seu filho e de protesto. Um reitor inapto causou tudo isto. Triste é ver as viúvas e netinhos da ditadura militar aplaudindo a ação e a escalada fascista em que o País esta mergulhando. Muitos alegam que é necessário o respeito as leis e ao patrimônio público, mas não falam com tanta veemencia com relação aos seus amigos corruptos, aos desvios de recursos públicos, as emendas casadas;

ana di disse...

estupro, assassinato, roubo com muita violência, e isso vem de longa data na usp. adorei os alunos que mostraram a cara se dizendo contra tudo isso (aliás a grande maioria diz não entender as exigências dos que protestam), era esta atitude que estava faltando. o jornalista da globo resumiu direitinho: " quanto esforço para mostrar a alguns adolescentes que é preciso limite".