Desrespeito,
desorganização. Gente falando ao mesmo tempo. Intransigência quanto aos
argumentos dos contrários. Tudo isso culminou com o encerramento antecipado da reunião,
sem qualquer conclusão.
Não. Não estou
narrando uma assembléia da Gaviões da Fiel ou da recentemente reextinta Mancha
Alviverde. Estou me referindo à audiência pública destinada a discussão dos
rumos do contrato de saneamento básico para o Município de Assis para os
próximos 30 anos. Já abordei esse assunto aqui antes e, tenho a convicção que
essa não será a última.
Para quem
olha de fora, fica muito clara a razão para o impasse, para que a discussão se
prolongue, dando claros sinais de que jamais se chegará a um consenso. Está
havendo um equívoco gigantesco na forma de conduzir o processo. Tanto por parte
da principal interessada, a Sabesp, quando da parte do Poder Executivo, que é “o
dono do serviço”. E da parte daqueles que se posicionam contra a renovação da concessão
com a estatal, falta expor com clareza seus temores.
Explico: a
discussão, quando em particular, gira sempre em torno do quantum envolvido. Não só dos valores que serão repassados, seja em
obras seja em recursos diretos aos cofres municipais. Não é segredo para ninguém
que toda a população, ao menos aquela que tem conhecimento do processo, alimenta
a tese e divaga, inapropriadamente, o quanto cada um dos envolvidos vai embolsar.
O folclore político dá conta de que quando da transferência dos serviços do município
para a concessionária, varias pessoas teriam recebido alguns “mimos” para
votarem favoravelmente, fato que jamais se comprovou. Eu mesmo, enquanto
Secretário de Governo, tive o desprazer de participar de uma reunião na Câmara,
no início de 2008, com o Prefeito, o então Diretor de Gabinete e 9 dos 10
vereadores de então, onde o questionamento desses últimos era se haveria algum “repasse”
para a renovação da concessão, quando essa ainda nem houvera iniciado suas discussões.
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A realidade dos
serviços municipais de saneamento, infelizmente, não difere da administração
pública em geral, notabilizando-se pela ineficiência, o clientelismo, a falta
de investimentos, para ficar nos pontos principais.”
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Conheço com
certa profundidade a realidade de vários e importantes SAEs e DAEs do Estado e
posso garantir que na sua imensa maioria prestam um serviço muito inferior em
qualidade ao executado pela Sabesp, que ao longo desses mais de 30 anos de atividade
conseguiu atingir uma expertise no
assunto. A realidade dos serviços municipais de saneamento, infelizmente, não
difere da administração pública em geral, notabilizando-se pela ineficiência, o
clientelismo, a falta de investimentos, para ficar nos pontos principais.
E aí reside o problema dessa discussão
infinita. Por que a Sabesp não ataca de frente a questão e deixa o processo
transparente o suficiente para dissipar qualquer dúvida que porventura ainda
paire? Por que o Executivo não assume o seu verdadeiro papel e não coordena um
processo também claro, direto e transparente, sobre o que e como vai ser feito,
sem transferir essa responsabilidade para a Câmara? Por que a concessionária que
seguramente tem capacidade reconhecida em todo o território nacional, prefere
tratar do assunto em particular e quase que individualmente? Enquanto um prefere
as “pizzadas” e a distribuir pequenos patrocínios à submeter seus interesses à
um processo de escolha técnico, objetivo e consistente o outro simplesmente
empurra com a barriga e transfere a responsabilidade pela decisão,
provavelmente temeroso de receber o rótulo de ter ‘entregue’ o serviço. Mas se
como disse acima, o serviço é de excelência, então porque essa névoa toda?
Por que, por que, por que? São vários e não há sinais de que diminuirão tão cedo.
6 comentários:
Dr. Saulo, Volto a dizer!!! Esse mal fadado contrato com a Sabesp vai ser assinado na calada da noite da atual administração, ou seja, vai ser um dos ultimos atos do Lulinha Spera deitado senão cansa,e eles vão encher os bolsos com o dinheiro da SABESP, que no final somos nós que pagamos como sempre.
Parabéns pelo artigo. Infelizmente o prefeito esta "empurrando" para os vereadores a decisão e o desgaste será daqueles que votarem a favor da renovação.
O anônimo que tem nojo, trata as pessoas - queridas ou mal queridas- como povinho...
Um presidente, do tempo da ditadura falou que preferia o cheiro de cavalos do que cheiro de povo....
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