10, NOTA 10

    Participei na semana passada de um evento em São Paulo, produzido pela multinacional da área de geração de eletricidade através de hidroelétricas, a Duke Energy, destinado a analisar, junto com seus parceiros comerciais e empresas do ramo, a conjuntura econômica do país, no geral e do setor para o próximo ano.

  Os indicadores não poderiam ser mais positivos. Mas o que mais me chamou a atenção foi uma análise feita pelo economista Alfredo Behrens, Ph.D. pela Universidade de Cambridge, que falou sobre liderança para organizações. Ele mencionou da dificuldade na montagem de equipes de trabalhadores, principalmente dos trabalhos não intelectuais, uma vez que, no padrão médio do “peão” brasileiro, esse tem dificuldade em atender uma ordem que contenha três etapas, por exemplo, encher um carrinho com tijolos, descarrega-lo, tornar a enchê-lo com areia e finalmente com um saco de cimento. Ao iniciar a segunda etapa ele está perdido, e precisa receber as ordens novamente.

  No entanto, as pessoas com esse mesmo perfil, são capazes de algo que nenhum alemão, sueco ou chinês consegue: fazer um espetáculo de carnaval. Uma escola de samba é um exemplo de um trabalho da mais alta complexidade no que diz respeito ao que será executado, com a memorização do samba enredo, das evoluções, da marcação do samba, tudo isso feito com graça e com evidente comprometimento, em um inigualável trabalho de equipe, e um cumprimento de prazos e horários dignos de um bom suíço. Tudo isso SEM SALÁRIO e sem ninguém “titulado” para comandar!

  Alguém ainda quer saber por que esse país dá certo, apesar de suas administrações?