domingo, 20 de fevereiro de 2011

FAÇA O QUE EU FALO...

Sabe quando você está tentando trabalhar durante o dia, e fica aquele barulhinho insuportável no teu ouvido, azucrinando? Ou quando você está tentando dormir à noite e aquele ruído irritante te deixa a ponto de achar que vai enlouquecer? Aquele zumbido característico é resultado da alta freqüência do batimento das asas dos insetos, que, dependendo da espécie, pode chegar a mil movimentos por segundo, aliás, tem deixado todo mundo louco nesses dias de verão. Onde quer que você vá lá estão eles. Uma verdadeira esquadrilha, pronta para te tirar do sério.



E dá lhe tapa, toalhada, o que tiver à mão para a luta desigual com os inimigos quase invisíveis. Os mais sofisticados agora estão se armando com umas raquetes super coloridas e que estão a venda pelos ambulantes em praticamente todos os faróis de São Paulo. Com toque de sadismo elas eletrocutam os bichinhos com requintes de crueldade. Mas nós até já nos acostumamos com isso.


Antigamente você diria se tratar do bom e velho pernilongo. Que além da irritação já descrita produzia apenas algumas picadas e sua conseqüente coceira. Hoje a coisa mudou... hoje os malvados têm nome, sobrenome e apelido. Pode pesquisar, está lá na Wikipédia: Aedes (Stegomyia) aegypti (aēdēs do grego "odioso" e ægypti do latim "do Egipto"). O nome é perfeito e poderíamos estar nos referindo ao Hosni Mubarak mas esse já caiu. Trata-se, como todo mundo já sabe do “Mosquito da Dengue”, apelido do nobre protagonista. E como até as crianças já sabem (parecem até nascer sabendo) são os vetores da doença homônima com uma série de também conhecidos sintomas e que pode levar até à morte, quando na versão hemorrágica. E todo mundo já se acostumou com ele.


Aliás, como estamos ficando peritos em nos acostumarmos! Entra ano e saí ano, nem bem começa o verão, lá está ele, nos brindando com seus vôos rasantes. E aí vêm as autoridades nos alertar dos riscos de epidemia, dos cuidados a serem tomados. Autoridades de todos os níveis, diga-se, já que esse não é um problema exclusivo do nosso ou de algum município isolado. Trata-se de um problema nacional.


E aí eu pergunto: o que fazem essas autoridades? Bombardeiam-nos com a cantilena de sempre, de que A POPULAÇÃO deve combater a formação de criadouros, evitar água parada, etc... etc... ou seja, jogam para a população toda a responsabilidade pelo problema. É claro que todos tem sua parcela de responsabilidade, mas fica a questão: quem cuida das margens dos rios e córregos, principalmente os urbanos, que são obviamente os PRINCIPAIS focos de criadouros? Quem cuida dos bueiros e bocas de lobo? Dos criadouros em ruas e praças? Pelo jeito é mais fácil fazer campanhas pela TV ou comprar grandes páginas de jornal. E nós? Nós vamos nos acostumando, como sempre!


Passamos a considerar normal que todo verão, tenhamos Big Brother, enchentes, escândalos sem solução, dengue...Tenho saudades dos pernilongos! É isso aí...

O texto acima é a transcrição da coluna DIGNO DE NOTA do dia 18/02, que vai ao ar  às sextas-feiras, durante o programa Rotativa Sonora da Rádio Difusora de Assis AM 1140 Khz (veja link ao lado).

4 comentários:

Marcelo Nogueira disse...

Mais um vez concordo com vc Saulo.

Anônimo disse...

Tambem concordo; mas acho que nenhuma das partes faz o dever de casa. nem o poder publico nem a população que vamos e venhamos é porca em...!!!

Anônimo disse...

Tambem concordo; mas acho que nenhuma das partes faz o dever de casa. nem o poder publico nem a população que vamos e venhamos é porca em...!!!

Anônimo disse...

Culpar a população não é a solução, pois ela não tem treinamento técnico. Quem tem que orientar é a secretaria da saúde com seu secretario que a medida da dificuldade deve mobilizar recursos, e não gastar tudo em politicagem nos primeiro 4 meses do ano e depois as necessidades básicas irem pelo ralo. Temos noticia de que pacientes demoram mais de um ano para terem uma consulta marcada. Alguns não conseguem pois morrem antes...