Fiquei sabendo que na semana passada alguns cidadãos de Assis, entraram com uma Ação Popular para responsabilizar os atuais gestores por conta do estado de abandono em que se encontraria o Parque de Exposições “Jorge Alves”, popularmente conhecido como FICAR, nome da feira agropecuária para a qual foi originalmente construído.
Como já me manifestei aqui anteriormente, essa situação é apenas o reflexo do pensamento político corrente de um passado não tão distante. Aquele em que o administrador, para ser julgado competente deveria “fazer”. O bom administrador público tinha que construir, não se importando a que custo. Cunhou-se nacionalmente até um absurdo “rouba mas faz”.
Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, a partir de 2001, essa postura, passou a ser revista pelos administradores, uma vez que todo o gasto deve ser devidamente justificado e as penalidades passaram a ser mais severas.
E é aí onde eu queria chegar. Mas se o administrador público tem sido desestimulado a se aventurar pelas obras ditas faraônicas, o que dizer dos verdadeiros elefantes brancos que foram ficando por aí, sem manutenção e fadados à ruína pela ação do tempo?
A própria FICAR é um bom exemplo disso: foi construída num arroubo de grandeza, tentando fazer consolidar uma feira agropecuária que nunca conseguiu se firmar na tradição regional para a qual foi originalmente sonhada e hoje, só para atender ao custo de energia elétrica, gasta-se o mesmo que um bom bairro populoso. Para a realização da feira, o sangramento dos cofres públicos inviabilizaria uma série de outros serviços essenciais.
E o que dizer do Centro Social Urbano, do Tonicão, do Marcelino de Souza, do Parque Buracão e do Horto Florestal, cuja área de lazer era tocada pela Prefeitura? Sem repetir os prédios da área da cultura que foram objeto do comentário de semanas atrás.
Está estabelecido o dilema. Se os recursos para manter os grandes equipamentos urbanos estão escassos, mantê-los inativos e sem os devidos cuidados também trará prejuízos, ainda que a longo prazo, mas isso é inevitável.
Algo precisa ser feito e rápido. Afinal não temos nem o tempo nem a sorte de Roma que pode explorar o seu Coliseu ou o Fórum Romano e ainda lucrar. É isso aí.
6 comentários:
O lapso do administrador público foi ter pensado no hoje, e não no amanhã. Pois é, o amanhã chegou. Não imaginou que a construção de um empreendimento sustentável seria fundamental para o progresso da região, caso acabasse a farra do orçamento municipal, como de fato acabou. Pensaram num Parque de Exposições, num estádio de futebol, e em tantos outros empreendimentos grandes, com uma única finalidade. Agora, temos que repensar na função destes espaços, na implantação de outros eventos. Eu sinceramente acredito que seria possível, a título de exemplo, fazer eventos bimestrais ou trimestrais no espaço do Parque de Exposições, inclusive promovendo o comércio, a indústria e o setor agropecuário locais, num evento que não precisa ser tão grandioso e custoso como a FICAR, bastando ser bem organizado e adequado à realidade orçamentária e sócio-econômica local. As lojas poderiam organizar stands e fazer ‘outlets’ dos produtos com descontos; outros segmentos de indústrias e agricultura poderiam expor seus produtos e serviços; importante rediscutir a possibilidade de fazer novamente rodeios na região, prova do tambor e outros eventos para diversão da população. Como seria um evento menor, não precisa ser apenas anual, mas várias vezes ao ano. O estádio Tonicão, por exemplo, poderia ser utilizado para incentivar esportes amadores para crianças e adolescentes mais humildes da região. As Olimpíadas estão ai, e por que a Prefeitura não pode fomentar a prática de esportes? Não só futebol ou basquete, mas atletismo e tantos outros. O espaço está lá, mas a Prefeitura teria que se estruturar com orientadores, professores de educação física, condicionar a prática de esportes das crianças e adolescentes aos estudos e boa formação escolar. Isso é pensar no amanhã com responsabilidade. Se não formarmos campeões olímpicos, ao menos estaríamos oportunizando uma ação educativa abrangente e integrada para a formação de um bom cidadão. Mas as Prefeituras não têm feito a lição de casa. Quando podem muito, faz-se pouco. Quando podem pouco, faz-se nada. Até quando?
M. Citoyen
Re-Pensar a Cidade ou Pensar a Cidade.
Excelente observação, digna de um observador politico atento, digno e sobretudo INTELIGENTE!
É que a sua proposta, a sua observação, o seu comentário é anuncio de uma NOVA FORMA DE PENSAR A CIDADE, e assim de inviabilizar os redutos da politiKa doméstica, propondo novas formas de administrar.
Parabens!
"anônimo one" - situação difícil, sou leigo em adm. pública, mas concordo plenamente em que estes espaços deveriam ser preenchidos com atividades "rentáveis" e que poderiam render recursos para "se pagar" ao menos. São ótimos espaços e temos condições de fazer um calendário permanente de eventos regionais.
M. Citoyen:
É exatamente isso. Pensar em sustentabilidade, ou iremos nos transformar num "cemitério de elefantes". Obrigado pela assiduidade e continue participando. Abraço.
Anônimo,
Pensar ou re-pensar, mas sempre coletivamente. Obrigado pela participação e volte sempre que puder. Abraço.
Anônimo One,
você pode ser leigo em Ad.Pública, mas tenho certeza que tem bom senso.É isso que falta a boa parte dos gestores. Obrigado pela persistência em participar. Te espero nas próximas. Abraço.
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