domingo, 12 de dezembro de 2010

ELEFANTES


Fiquei sabendo que na semana passada alguns cidadãos de Assis, entraram com uma Ação Popular para responsabilizar os atuais gestores por conta do estado de abandono em que se encontraria o Parque de Exposições “Jorge Alves”, popularmente conhecido como FICAR, nome da feira agropecuária para a qual foi originalmente construído.

Como já me manifestei aqui anteriormente, essa situação é apenas o reflexo do pensamento político corrente de um passado não tão distante. Aquele em que o administrador, para ser julgado competente deveria “fazer”. O bom administrador público tinha que construir, não se importando a que custo. Cunhou-se nacionalmente até um absurdo “rouba mas faz”.

Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, a partir de 2001, essa postura, passou a ser revista pelos administradores, uma vez que todo o gasto deve ser devidamente justificado e as penalidades passaram a ser mais severas.  

E é aí onde eu queria chegar. Mas se o administrador público tem sido desestimulado a se aventurar pelas obras ditas faraônicas, o que dizer dos verdadeiros elefantes brancos que foram ficando por aí, sem manutenção e fadados à ruína pela ação do tempo?

A própria FICAR é um bom exemplo disso: foi construída num arroubo de grandeza, tentando fazer consolidar uma feira agropecuária que nunca conseguiu se firmar na tradição regional para a qual foi originalmente sonhada e hoje, só para atender ao custo de energia elétrica, gasta-se o mesmo que um bom bairro populoso. Para a realização da feira, o sangramento dos cofres públicos inviabilizaria uma série de outros serviços essenciais.

E o que dizer do Centro Social Urbano, do Tonicão, do Marcelino de Souza, do Parque Buracão e do Horto Florestal, cuja área de lazer era tocada pela Prefeitura?  Sem repetir os prédios da área da cultura que foram objeto do comentário de semanas atrás.

Está estabelecido o dilema. Se os recursos para manter os grandes equipamentos urbanos estão escassos, mantê-los inativos e sem os devidos cuidados também trará prejuízos, ainda que a longo prazo, mas isso é inevitável.

Algo precisa ser feito e rápido. Afinal não temos nem o tempo nem a sorte de Roma que pode explorar o seu Coliseu ou o Fórum Romano e ainda lucrar. É isso aí.

6 comentários:

Anônimo disse...

O lapso do administrador público foi ter pensado no hoje, e não no amanhã. Pois é, o amanhã chegou. Não imaginou que a construção de um empreendimento sustentável seria fundamental para o progresso da região, caso acabasse a farra do orçamento municipal, como de fato acabou. Pensaram num Parque de Exposições, num estádio de futebol, e em tantos outros empreendimentos grandes, com uma única finalidade. Agora, temos que repensar na função destes espaços, na implantação de outros eventos. Eu sinceramente acredito que seria possível, a título de exemplo, fazer eventos bimestrais ou trimestrais no espaço do Parque de Exposições, inclusive promovendo o comércio, a indústria e o setor agropecuário locais, num evento que não precisa ser tão grandioso e custoso como a FICAR, bastando ser bem organizado e adequado à realidade orçamentária e sócio-econômica local. As lojas poderiam organizar stands e fazer ‘outlets’ dos produtos com descontos; outros segmentos de indústrias e agricultura poderiam expor seus produtos e serviços; importante rediscutir a possibilidade de fazer novamente rodeios na região, prova do tambor e outros eventos para diversão da população. Como seria um evento menor, não precisa ser apenas anual, mas várias vezes ao ano. O estádio Tonicão, por exemplo, poderia ser utilizado para incentivar esportes amadores para crianças e adolescentes mais humildes da região. As Olimpíadas estão ai, e por que a Prefeitura não pode fomentar a prática de esportes? Não só futebol ou basquete, mas atletismo e tantos outros. O espaço está lá, mas a Prefeitura teria que se estruturar com orientadores, professores de educação física, condicionar a prática de esportes das crianças e adolescentes aos estudos e boa formação escolar. Isso é pensar no amanhã com responsabilidade. Se não formarmos campeões olímpicos, ao menos estaríamos oportunizando uma ação educativa abrangente e integrada para a formação de um bom cidadão. Mas as Prefeituras não têm feito a lição de casa. Quando podem muito, faz-se pouco. Quando podem pouco, faz-se nada. Até quando?
M. Citoyen

Anônimo disse...

Re-Pensar a Cidade ou Pensar a Cidade.

Excelente observação, digna de um observador politico atento, digno e sobretudo INTELIGENTE!
É que a sua proposta, a sua observação, o seu comentário é anuncio de uma NOVA FORMA DE PENSAR A CIDADE, e assim de inviabilizar os redutos da politiKa doméstica, propondo novas formas de administrar.
Parabens!

Anônimo disse...

"anônimo one" - situação difícil, sou leigo em adm. pública, mas concordo plenamente em que estes espaços deveriam ser preenchidos com atividades "rentáveis" e que poderiam render recursos para "se pagar" ao menos. São ótimos espaços e temos condições de fazer um calendário permanente de eventos regionais.

Saulo Ferreira disse...

M. Citoyen:
É exatamente isso. Pensar em sustentabilidade, ou iremos nos transformar num "cemitério de elefantes". Obrigado pela assiduidade e continue participando. Abraço.

Saulo Ferreira disse...

Anônimo,
Pensar ou re-pensar, mas sempre coletivamente. Obrigado pela participação e volte sempre que puder. Abraço.

Saulo Ferreira disse...

Anônimo One,
você pode ser leigo em Ad.Pública, mas tenho certeza que tem bom senso.É isso que falta a boa parte dos gestores. Obrigado pela persistência em participar. Te espero nas próximas. Abraço.