JUSTIFICATIVAS

Justificativas. Desde segunda feira basta ligar a TV, abrir um jornal, sintonizar uma radio de notícias ou acessar a internet e o que vemos, ouvimos ou lemos são apenas justificativas. O Enem – Exame Nacional do Ensino Médio, realizado no fim de semana passado, mais uma vez ficou marcado pelos problemas.

E a partir de então, dá-lhe justificativa. O Diretor do Inep, órgão responsável pela realização do exame, puxou a fila, primeira garantindo que não teriam ocorrido problemas, confirmando que os resultados seriam divulgados normalmente e depois “desconfirmando” tudo. Veio o Ministro da Educação Fernando Haddad, justificando as falhas com um exercício de números, falando da grandeza do evento e tentando provar que estava tudo “normal” e que ao final tudo ficaria bem. Finalmente, e não poderia ficar de fora, o quase ex-presidente Lula aparece, como sempre, bravateando que o exame foi um sucesso, e posa de vítima, desautorizando qualquer tipo de reclamação.

Alegar que um evento desse porte é suscetível a problemas não é desculpa para ninguém. Pergunto: a quanto tempo temos no Estado de São Paulo os vestibulares da Fuvest e da Vunesp, sem que se tenha ocorrências minimamente parecidas com as que têm se tornado rotina no Enen?

A verdade é que o ENEM, desde que foi instituído, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, nunca teve unanimidade. Foi recebido com desconfiança pelos alunos e teve sua história pautada por problemas, erros de informação até o vazamento das provas no ano passado. E o que temos? As principais autoridades se justificando! Não seria melhor ter cada um dos responsáveis mais graúdos exigido de forma incondicional que cada envolvido cumprisse com sua missão, simplesmente executando suas funções, fazendo sua obrigação?

 E os resultados? Até agora ouvi principalmente a preocupação com os custos, ou eventuais transtornos com relação à nova data para que eventualmente alguns façam outra prova.

Mas o que é pior ao meu ver, é o descrédito que a juventude atual vem experimentando. A desilusão com o “mundo adulto” é compreensível. Não bastassem os escândalos do mundo político, a cada dia temos novas instituições falhando de forma sistemática. Depois nos questionamos porque os jovens de um modo geral não têm mais envolvimento nas causas, digamos, mais politizadas. Quem vai querer se envolver com assuntos “sérios” se não enxerga seriedade nas atitudes de seus líderes?

O estudante que via com certo receio a universalização das vagas de algumas das principais universidades públicas federais, é levado ao descrédito total após a sequência de “lambanças” para ficar com um termo mais ameno. Estamos forjando uma geração de descrentes. É isso aí.