domingo, 16 de janeiro de 2011

REALITY


Ao consultar as manchetes dos principais jornais do país, da quinta feira (13/01) o que encontro: O Globo – tragédia e descaso; Folha: Estado do Rio enfrenta a pior chuva em mais de 4 décadas;  Estadão: Chuvas causam maior tragédia natural do Brasil em 44 anos; Correio Braziliense: Tragédia e omissão; Estado de Minas: Temporais matam mais de 270 no Rio; Jornal do Commércio: Catástrofe no Rio; Zero Hora: Vidas soterradas. Durante o dia os números de vítimas são sinistramente atualizados a maior.

Acompanhamos, estarrecidos, o desenrolar de uma tragédia. E o que é pior: MAIS UMA VEZ acompanhamos estarrecidos.

Não é novidade para ninguém que os meses de dezembro, janeiro e até fevereiro, o auge do verão no Brasil, são os meses das chuvas. Esse período aliás é até conhecido como “estação das águas”. Portanto, não estamos falando de cataclismas como foi o tsunami que vitimou a Indonésia em 2004, ou o terremoto ocorrido a exatamente um ano no Haiti. Esses fenômenos, apesar da evolução científica, ainda são imprevisíveis. Mas as chuvas torrenciais do verão brasileiro não são.

As imagens do Morro do Bumba e de Angra ainda estão nas nossas retinas e lá vamos nós de novo, de encontro com a realidade nua e crua. O enredo desse filme de terror já é conhecido: população quase sempre carente, residente nas encostas e beiras de rios perde seus pertences, seus entes queridos, seus sonhos.

Povoam as telas os especialistas que (agora) alertam que era tragédia anunciada. E o que não vi nenhum comentarista fazer é: porque as autoridades constituídas não fizeram nada durante esse ano? Porque aqueles imóveis estão naquela área de risco, pagando IPTU, sendo atendidos pelos serviços públicos mais comuns, como água encanada, energia elétrica e coleta de esgoto, se estão em uma área de risco?

Enquanto um administrador – Prefeito, Secretário, Governador - não for punido criminalmente, responsabilizado por sua omissão, continuaremos a ver durante todo verão cenas como a que estamos assistindo agora. Um reality show macabro. 
    
O texto acima é a transcrição da coluna Opinião e Reflexão do dia 1401, que vai ao ar  às sextas-feiras, durante o programa Rotativa Sonora da Rádio Difusora de Assis AM 1140 Khz (veja link ao lado).

4 comentários:

Anônimo disse...

Veja na Folha de hoje a denuncia do Garotinho, onde o atual governador desviou 28 milhoes de reais que deveriam ser usados na Defesa Civil para as Organizacoes GLOBO...estes sao os governos que se apresentam...

Anônimo disse...

"anônimo one" - O duro de tudo isto é que parece que já vimos este "filme". Aparecem várias soluções no momento, mas é só passar um pouco de tempo ... e mais nada acontece, tudo fica na mesma.

Anônimo disse...

Apenas para lembrar, ocupação e uso do solo é de responsabilidade municipal. Cabe aos órgãos "responsáveis" dentro da estrutura de cada prefeitura autorizar ou não as edificações. Falta coragem pública e desapego político aos prefeitos municipais para enfrentar essas situações. E mais, também lhes falta vergonha na cara.

Anônimo disse...

Como bem ressaltou, Saulo, ficou evidente a falta de atuação e coordenação dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Falta de planejamento urbano, falta de um plano diretor, falta de leis de zoneamento que possam aliar segurança de moradias ao crescimento com qualidade de vida da população dos Municípios. O ponto que quero chegar é que a ocupação do solo urbano, na maioria das cidades, não é planejada, não há incentivos ou desestímulos para essa ocupação, não há disciplina por parte da administração pública. Agora, como podemos punir essa GESTÃO DE INCOMPETENCIA? Com o VOTO.
M. CITOYEN