domingo, 21 de agosto de 2011

BRANCO

Blackout mental. Você já sentiu ou teve algo parecido? Provavelmente sim, talvez várias vezes. Talvez todo dia. Talvez várias vezes por dia. Pois é. Acho que essa “travada” que acontece a todo mundo pode realmente ser considerada normal e não tem maiores conseqüências. A não ser quando você TEM que escrever. Porque você depende da escrita. Como advogado, escritor, publicitário. Como redator, jornalista,  radialista. Isso mesmo, por mais que não pareça, até mesmo  no radio ou na TV, depende-se mais da escrita do que da fala. Normalmente é. Raramente fala-se de improviso. Da Rotativa Sonora ao Jornal Nacional.
  E a tensão gerada pela tela branca do computador, que já foi a folha branca na máquina de escrever é recorrente. Aquele branco que parece que fica cada vez mais brilhante e que você não consegue “manchá-lo” com suas letrinhas, quase sempre pretas, como é de praxe.
  Um dos artistas que admiro, o cartunista Angeli, que apesar de usar muito mais as imagens do que as letras, tem até uma série de tirinhas que chama de “Angeli em Crise”, das quais se socorre quando enfrenta uma escassez de idéias.

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 Aquele branco que parece que fica cada vez mais brilhante e que você não consegue “manchá-lo” com suas letrinhas, quase sempre pretas, como é de praxe.”
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  Aliás, a busca pela inspiração também é recorrente para os que se utilizam das mais diversas formas de expressão, principalmente da escrita. Viajar para lugares paradisíacos como ainda era Cuba logo após a segunda guerra e que levou Ernest Hemingway a ali se instalar. Ou às musas como a  Dulcinéia de Don Quixote, que o fazia guerrear com seus gigantes imaginários. 
Enfim, é sempre uma crise, que beira o pânico, que pode virar pesadelo. Mas que de repente pode simplesmente desaparecer como que por encanto. E desaparece fazendo aparecer, o texto, a história, o quadro... Como agora, que consegui chegar até aqui. Ponto final.

Um comentário:

MÉRCIA VASCONCELLOS disse...

SAULO, LEMBREMOS O QUE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE ESCREVEU:
"Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."
POR QUE NÃO NÓS?