domingo, 7 de junho de 2009

O Futebol e o Basquete - tão perto, tão longe


O prefixo musical que toca na televisão não deixa dúvidas. Vai começar mais uma partida de futebol. Daqui a pouco o Galvão vai estar, mais uma vez, se esgoelando enquanto desfia seu interminável estoque de ufanismo. Trata-se de Brasil e Uruguai, pelas eliminatórias da Copa de 2010. Esse jogo, independentemente de qualquer campeonato que possa estar em disputa, invariavelmente traz a eterna rivalidade existente entre os dois vizinhos. Talvez só perca para rivalidade existente com a Argentina. Que o diga o Maracanã de 1950. Mas apesar de todos esses ingredientes, não me sinto atraído a assistir. Considero-me um grande apreciador de esportes. De todos os esportes. Desde que me conheço por gente sou torcedor de futebol. Mas não tenho tido mais paciência com o “esporte bretão”. O noticiário da semana informa a morte de mais um “torcedor”. Torcedor???? Mas o que o esporte tem a ver com emboscadas e guerras de gangs? Não sei, mas desconfio.
Vamos começar pelos próprios jogadores. Hoje em dia, para se transformar em um craque mundial (leia-se Europa), o jogador deve despontar no máximo aos 12 anos de idade. 14 anos com muita sorte. Para que isso aconteça, a dedicação exclusiva começa praticamente junto com os primeiros passos da criança. O resultado disso obviamente são heróis analfabetos, com as raríssimas exceções para confirmar a regra. E analfabetos com muito dinheiro. Muito mesmo. Tudo isso é gerenciado por pessoas que jamais chegaram perto de uma bola. E isso porque a Copa de 2014 vai ser aqui. É... alguns cumulus nimbus nos esperam...

De uns tempos pra cá me tornei um torcedor do basquete. Tenho tido inclusive a oportunidade de acompanhar esse esporte, digamos, pelo lado de dentro. A diferença de ambiente é brutal. Vamos aos fatos: 1) não tem alambrado, e ninguém pula para a quadra; 2) não se pode atirar objetos na quadra (é claro) e ninguém atira; 3) mulheres e crianças são bem vindas e se não são a maioria estão muito perto; e por aí vai... Apesar de resultados expressivos no passado, o esporte acabou relegado à um terceiro (ou quarto) plano. A inabilidade de alguns que participam da política interna desse esporte atrapalhou bastante.
Mas, envolve paixão, a disputa na quadra é tão ou mais viril quanto o futebol e, mesmo assim, não se tem notícias de confrontos sérios como os que envolvem as “organizadas” ou melhor, esses terroristas desajustados. Num primeiro momento, a resposta mais utilizada é de que o torcedor é mais “elitizado”. Pergunto: como pode ser elitizado, se o preço dos ingressos, que no futebol se iniciam em R$ 20 no basquete giram em torno de R$ 2, R$3 no máximo R$ 5?
Do mesmo jeito, tenho algumas pretensiosas respostas. Inicialmente quanto à formação dos atletas: para que um atleta atinja o olimpo do esporte (a NBA liga profissional norte americana) terá que passar por uma Universidade de lá. Qualquer um que começa tem isso em mente. E evidentemente, pode até não ser um eisnteim, mas tem uma cultura muito melhor do que a dos “boleiros”. Os patamares salariais, apesar de altos para a realidade brasileira, são infinitamente menores do que os do futebol. Disso decorre uma conseqüência lógica: menos dinheiro envolvido, muito menos pilantras ao redor. O que faz dos dirigentes serem, invariavelmente, idealistas, apaixonados e voluntários. Os fatos, argumentos e premissas estão postos. Quem vai começar a discussão?

Um comentário:

Ricardo Perini disse...

Muito interessante o seu ponto de vista. Mas é providencial destacar o fato de que, nos estádios de futebol, existem uma aglomeração de pessoas imensamente maior do que nas quadras de basquete ou voleibol. Isso acaba provocando maior probabilidade de confrontos. Onde há mais gente, mais fatos ocorrem - inclusive brigas. Acredito que o instinto para a violência vem do berço e não da preferência no esporte.