domingo, 14 de junho de 2009

RESPEITO


Segurança. Essa se transformou na palavra de ordem do dia a dia de qualquer cidade brasileira. Restrita às capitais e grandes cidades do Brasil, esse fenômeno há muito desembarcou nas antes pacatas e tranqüilas cidades do interior. Durante toda a minha infância e adolescência minha casa nunca teve cadeados nos portões. Hoje exceção é aquela que não seja dotada de alarmes, cercas eletrificadas... O que mudou? O crime? As pessoas? Vários são os componentes que foram se agregando para culminar com o status atual. Mas um dos ingredientes que foram mais reduzidos nessa receita é o respeito. Leio hoje nas paginas amarelas da Veja, a entrevista com Rudolph Giuliani, Prefeito de Nova York por dois mandatos, de 1994 a 2002, que reduziu pela metade as taxas de criminalidade e transformou a cidade em uma das mais seguras dos Estados Unidos. Veja só o que ele diz: “...quem não presta atenção nos detalhes não atinge sua meta. Em Nova York, ninguém queria prender o ladrão de rua, só o assaltante que levou 1 milhão de dólares de um banco ou o chefe do tráfico. O problema é que tanto o ladrãozinho quanto o adolescente que picha muros estão diretamente relacionados ao chefão do tráfico. Um leva ao outro. Um só existe por causa do outro. Antes de mais nada, cidades degradadas pela violência precisam resgatar a moral, o respeito. O que é seu é seu, e eu não posso pichar. Ponto. Também não posso roubar, nem quebrar, nem vender drogas, nem morar na rua. Sem valores morais, toda a sociedade acaba no círculo do crime, de uma forma ou de outra. Se o respeito volta, o crime adoece. Assim é mais fácil combatê-lo. Foi dessa maneira que Nova York deixou de ser a cidade mais violenta dos Estados Unidos para, em alguns anos, tornar-se mais segura.” Pois é Giuliani, por mais que se analise a questão da segurança, mais certeza temos que o que falta mesmo é o respeito. Respeito pela legislação, que existe, basta que seja cumprida, inclusive pelas autoridades. Respeito pela pessoa, a começar pelas crianças que têm direito a receber uma educação minimamente de qualidade. Respeito pelo dinheiro público, que deve ser gasto de forma responsável e eficaz, buscando o coletivo em detrimento do individual. Respeito pelas instituições, que devem se destinar a cumprir suas funções e não apenas para atender interesses imediatos e pessoais. Respeito pelo meio ambiente, que não deve ser encarado apenas como a fauna e a flora nativas de uma região, mas o ambiente de forma geral, ou seja, considerando-se primordialmente a pessoa que o habita. Enfim... o momento é de buscarmos a recuperação do respeito. A partir daí chegamos no ponto zero para os enfrentamentos específicos. É isso aí.

Um comentário:

Picareta disse...

"Respeito pela legislação, que existe, basta que seja cumprida, inclusive pelas autoridades."
Saulo, acima são palavras do seu artigo. O pressuposto é a regra, a exceção é o não cumprimento da lei por quem quer que seja, autoridade ou cidadão comum. Porém não é o que constatamos nos poderes federal, executivo, legislativo, judiciário, estadual e municipal. O maior responsável inclusive é o judiciário que não pratica ações celeres deixando de ser um orgão democrático, distante dos anseios dos cidadãos. O ministério público se perde em ações midiáticas, no plano local se rende aos poderes econômicos e ações político-partidárias. A OAB concentra seus esforços no corporativismo.
Nós cidadãos estamos a mercê de caprichos pessoais, de grupos políticos que defendem única e exclusivamente realizações pessoais com relações pessoais, aplicando a máxima 'aos amigos do rei tudo, aos inimigos a lei'. Portanto, 'Respeito' ou sua recuperação como sugere o artigo, requer exemplos, de pessoas que os preguem, mas que também ajam com tal, principalmente os representantes públicos, as ditas autoridades.
Quem tem o poder de agir, tem a responsabilidade de agir.