FRATERNAL OU SURREAL?

     Demorou. Mas, para não fugir do lugar comum, antes tarde do que nunca. A apresentação do relatório parcial da CEI sobre o programa Minha Casa Minha Vida, deve ser encarada como um marco nesse período político da cidade de Assis iniciado em 2004. Após uma enxurrada de denúncias - gravíssimas, graves e nem tanto - contra a atual administração, o fisiologismo reinante no legislativo transformava o cenário numa situação surreal. Tudo lindo e maravilhoso, apesar de fatos e documentos demonstrarem exatamente o contrário.

  Mas os trabalhos desta CEI, cujos méritos devem ser creditados apenas ao seu Presidente, Vereador Timba e ao Relator Kiko Binato, ao menos oficialmente demonstram, como já disse, nem tudo é rosa nesse país das maravilhas.

  Em que pese a total falta de apoio, inclusive dentro da própria Câmara, o simples fato dessa comissão ter existido já demonstra que a situação chegou a um ponto tal, que não há mais como ficar varrendo a poeira para baixo do tapete.

  Tudo bem que, em ano de eleição coisas acontecem, posições se invertem de acordo com o cenário da disputa que se avizinha, mas já é um começo.

  Do pouco que foi apurado, fica evidente que o programa foi usado politicamente, como a impressão geral já demonstrava, atropelando critérios de distribuição. Tudo leva a crer que também os critérios técnico-construtivos foram simplesmente ignorados, fiscalização zero.  Mas a simples abertura da Comissão Especial de Inquérito já foi um fato digno de nota, mas seus signatários fizeram exatamente aquilo para o que foram eleitos. Fiscalizar o Poder Executivo.

  Gradativamente, aqueles que tentaram (e tentam) obstaculizar toda e qualquer iniciativa de se verificar eventuais irregularidades vão começar a receber o feedback das ruas, que por incrível que pareça, demora a entrar nos blindados gabinetes do poder. Mas vai entrar, porque a blindagem começa a trincar. E aí amigo, salve-se quem puder. Mas pode faltar salva-vidas. É isso aí.