domingo, 25 de março de 2012

ANÔNIMOS


   Uma das notícias que recebeu certa atenção da mídia na semana foi que a polícia, após ampla investigação, prendeu dois jovens de classe média, acusados de propagar, na internet, o ódio contra homossexuais, negros, mulheres, nordestinos, judeus e esquerdistas. Lógico, na maioria das vezes os tais estavam protegidos pelo sigilo da internet.

  Imediatamente aparecem inúmeros críticos a atacar a rede e esse fórum maravilhoso que te permite saber ao mesmo tempo uma receita de bolo tradicional da Malásia, o resultado de um jogo pelo campeonato da segunda divisão da Paraíba ou as arbitrariedades do governo chinês sobre os monges tibetanos. É claro, toda liberdade trás excessos, mas isso não pode ser suficiente para pura e simplesmente eliminar todo o progresso e toda a vantagem que o meio proporciona. E até mesmo a possibilidade do sigilo é importante coexistir na net com todo o conteúdo assinado.

    Gostaria poder mostrar para você, que está lendo esse post agora, os comentários “anônimos” que me são encaminhados diariamente. Infelizmente não posso fazê-lo, até por uma questão de responsabilidade. Na imensa maioria das vezes são impublicáveis. Várias vezes servem apenas para desopilar o rancor e o ódio – seja racial, sexual ou político – de seus autores. Outras tantas tentam usar esse espaço para atingir determinada pessoa. Ou disseminar um boato quase sempre infundado. O que acabamos constatando é que muitas pessoas não têm possibilidade, coragem ou condições de expor publicamente suas ideias e acabam usando os espaços “assinados” e a possibilidade de discrição, para transmitir um fato ou uma opinião.

  E nesse caldo, é lógico, sempre surgem as distorções, as excrecências. Mas não tenho a menor dúvida: é melhor vez por outra se defrontar com esses pervertidos do que viver encabrestado e recebendo apenas as informações “oficiais” da mídia manipulada pelas verbas publicitárias, principalmente vindas dos cofres públicos. Cabe a cada um, no entanto, selecionar o que lê e acredita e desenvolver o espírito crítico necessário a conviver nesse mundo novo de informações ilimitadas. Porque os “espíritos de porco” sempre existirão. Não tenha dúvida. É isso aí. 

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LEIA MAIS: sobre esse assunto clique no link e leia o artigo do Gilberto Dimenstein, “Linchadores Digitais.


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